segunda-feira, 16 de março de 2009

O Segredo dos Super-Couraçados Japoneses



Como foram construídos os dois mais
poderosos couraçados do mundo — e
como foram afundados.




O Segredo dos Super-Couraçados Japoneses


(Condensado de Life) 
Por Gilbert Cant


Em 1934, o chefe do Estado Maior Naval Japonês expediu ordem para que os arquitetos navais do país construíssem os mais poderosos couraçados do mundo. Em oito anos, dois ficaram prontos, o Yamato e o Musashi. Apesar dos tratados internacionais, a cujo cumprimento o Japão estava obrigado, proibirem a construção de couraçados de mais de 35 mil toneladas, tanto um como outro deslocavam, quando completamente equipados para combate, 72.809 toneladas,
 cerca de 20 mil toneladas mais do que o Missourí, o maior couraçado dos Estados Unidos. Cada
 um deles carregava peças de artilharia de 18,1 polegadas (410 milímetros), capazes de disparar granadas perfurantes de 1.460 kg, 50 por cento mais pesadas do que as granadas dos canhões de 406 mm do Missourí.
Somente agora, doze anos depois desses planos haverem permanecido no mais absoluto segredo, é que a história toda veio à luz. O estaleiro naval de Cure fora circundado por alta cerca a prova de espionagem, atrás da qual os operários passavam toda a vida.
Oito dias após o ataque a Pearl Harbor, o Yamato, quase concluído, foi posto a flutuar. O Musashi ficou pronto em agosto de 1942.
Durante os dois anos que se seguiram, os alojamentos dos navios de guerra americanos no
 Pacífico encheram-se de rumores acerca dos colossais navios de guerra que, segundo se supunha, os japoneses haviam construído. O Serviço Secreto Naval admitia apenas que, «segundo informações», os mesmos estavam artilhados com peças de 452 mm.
O primeiro americano a pôr olhos num couraçado da classe do Yamato foi o Comandante E. B. McKinney do submarino Skate. Estávamos em 1943. Era noite de Natal, e o Skate se encontrava a 18o milhas ao norte de Truque. Um enorme alvo apareceu no centro do retículo do periscópio. Lançaram-se os torpedos. Dois deles explodiram contra a couraça lateral do navio; o comandante do Skate, entretanto, só pôde informar que um moderno couraçado japonês tinha sido atingido. Não sabia que acertara no Yamato, forçando-o a voltar ao Japão.
Os grandes espantalhos cinzentos da frota japonesa não foram vistos depois disso senão quando o Yamato e o Musashi, à meia-noite de 21 de outubro de 1944, deixaram Linga, perto de Singapura, como parte de uma esquadra couraçada que recebera a missão de penetrar no Estreito de S. Bernardino para esmagar os cargueiros e transportes relativamente frágeis dos Estados Unidos, ancorados ao largo de Leite, onde os americanos acabavam de estabelecer uma cabeça de praia. Na manhã do dia 24, os porta-aviões, sob o comando do Almirante Halsey, lançaram contra o Musashi uma série de ataques com bombas e torpedos. Os quatro primeiros ataques o deixaram bastante avariado, fazendo muita água e com velocidade reduzida a 16 nós. Mais dois ataques—ao fim dos quais subia a dez o total de torpedos que haviam atingido o alvo—e a tarefa estava terminada. O navio virou e afundou de proa. Não disparara um só tiro, exceto contra aviões.
Nesse meio tempo, o Yamato tinha sido atingido por três bombas, que, no entanto, nenhum dano causaram à blindagem do convés superior. O navio simulou dirigir-se para o Oeste. Isto fez com que o Almirante Halsey lhe perdesse o rastro, permitindo ao Yamato atravessar o perigoso estreito de S. Bernardino para surgir pouco antes das sete horas da manhã à vista do grupo de seis pequenos porta-aviões de escolta sob o comando do Contra-Almirante C. A. F. Sprague. O Yamato abriu fogo a 35 mil metros de distância. Era a primeira vez que peças de tal calibre disparavam contra um navio de superfície—e seria a última.
A pontaria não era má, considerando que se estavam usando telémetros ópticos. Os tiros caiam de um e outro lado, e enormes colunas de água rebentavam ameaçadoramente próximas ,aos pequenos e desafortunados porta-aviões. Nesse momento, por motivos ignorados, o Yamato desistiu e retirou-se. Não havia acertado uma só vez.
O Yamato ficou recolhido até ser criada uma cabeça de praia em Oquinawa. Nessa ocasião, foi lançado numa missão verdadeiramente suicida. Ao meio-dia de 7 de abril de 1945, viu-se ele sob o ataque concentrado da força aérea da frota americana, sendo atingido por cinco bombas e dez torpedos. 
Em pouco, ficara com uma só casa de motores funcionando, a velocidade reduzida para dez nós, e adernara alem dos 22 graus estabelecidos pelos seus construtores como limite máximo de segurança. Às duas da tarde, veio ordem de «abandonar o navio».
 Vinte minutos depois, o Yamato virava e explodia. Salvaram-se apenas 280 tripulantes; 2.498 pessoas perderam a vida, entre oficiais e tripulantes. A marinha americana continuava no entanto a ignorar o que tinha destruido. Os interrogatórios a que foram submetidos os membros da força naval inimiga depois do dia da vitória é que revelaram terem sido os Yamatos os mais poderosos couraçados do
 mundo. Tinham de ser imensos, afim de poderem oferecer platafoima estável às maiores peças
 de artilharia jamais montadas num navio. Havia nove dessas peças em cada um deles, montadas em convencionais torres tríplices. O cano de cada uma dessas peças media 21 m 28 cm de
 comprimento, e pesava 181,5 toneladas, incluindo o mecanismo da culatra. Podiam atirar suas enormes granadas a uma distância de 23 milhas marítimas. Os navios estavam protegidos por uma couraça de 16 polegadas (40 cm) de espessura; a blindagem das torres tinha pelo menos 65 cm.
Se esses monstros foram a pique sem acertar um só tiro em qualquer navio ou costa aliada, a culpa não cabe a seus construtores, mas aos comandantes da frota japonesa, que conservaram os navios guardados tanto tempo para depois desperdiçar a sua grande oportunidade.




(Texto extraído da revista Seleções Reader's Digest de junho de 1947)

1 comentários:

Paulo Eduardo disse...

Se o Yamato e seu irmão gêmeo Musashi tivessem efetivamente sido colocados em combate no Pacífico, a marinha americana teria sofrido perdas enormes. Estes couraçados aterrorizantes e monstruosos teriam afundado dezenas e mais dezenas de navios americanos. Sem falar no apoio que teriam dos experientes e experts pilotos japoneses se não fossem afundados os porta-aviões japoneses.

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